O desassossego em Irene Lisboa

Wednesday, March 28, 2007

BIBLIOGRAFIA



A obra que marca a estreia de Irene Lisboa, é o livro de contos, Treze Contarelos editado em 1926. Entretanto colabora com jornais e revistas da época, dos quais se destaca a revista pedagógica Seara Nova e Presença.
Em 1936, sob o pseudónimo de João Falco, publica o livro de poesia Um dia e outro dia…
No ano seguinte (1937), com o mesmo pseudónimo, surge ao escasso público que a lê, Outono havias de vir, outra obra de poesia.
Dois anos depois (1939) publica Solidão: notas do punho de uma mulher, também um livro de poesia e também com o pseudónimo de João Falco. Talvez o título desta obra, seja uma alusão ao isolamento que caracterizou a vida de Irene Lisboa.
Neste mesmo ano, e utilizando o mesmo pseudónimo, é publicado, inicialmente nas páginas do jornal O Diabo, a novela Começa uma Vida, obra que foi editada em volume no ano seguinte.
1942 é o ano em que publica a obra Esta Cidade!, também com o pseudónimo João Falco, desta vez um livro de contos.
De forma peculiar, com a sensibilidade que distingui esta escritora, descreve cenas do quotidiano lisboeta, abordando várias classes sociais.
Revelando uma outra vertente, esta obra regista a faceta de cronista da autora.
Irene Lisboa “solta-se” então dos pseudónimos masculinos que utilizava e assina com o seu próprio nome.
Em 1943 lança o livro Apontamentos. Decorre então um espaço de doze anos, e só em 1955 é editado Uma mão cheia de nada outra de coisa nenhuma, outro livro de contos. A obra Voltar atrás para quê?, surge no ano seguinte em 1956
O pouco e o muito: crónica urbana
, foi editado tambem em 1956. É uma obra , na qual, a autora deixa bem patente a referência ao banal, ao quotidiano e ao insignificante que Irene Lisboa, como noutras obras, tão bem soube revestir de grande importância.
O ano de 1958 foi bastante produtivo, em termos literários para irene Lisboa, tendo em conta que neste ano foram publicados três obras: Título qualquer serve, Crónicas da Serra e Queres ouvir? Eu conto.

HOMENAGENS

Busto de Irene Lisboa, num Largo de Arruda dos Vinhos com o mesmo nome.


Embora elogiada, a obra literária de Irene Lisboa, nunca teve a devida aceitação por parte do grande público, nem a merecida atenção por parte da crítica.
A incompreensão e o silêncio que afectou a sua vida repercutiu-se para além da morte e só bastante tarde se assistiu a um interesse, que felizmente se tornou crescente, pela investigação e divulgação do seu trabalho.
É neste âmbito que a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos se envolveu num conjunto de iniciativas para assinalar a passagem do primeiro centenário do nascimento de Irene Lisboa.
Hoje IRENE LISBOA é nome de uma Rua de Arruda, da Biblioteca Municipal do Município, do Concurso dos Jogos Florais e tem um busto erigido em sua homenagem num dos largos da Vila. Também o externato inaugurou e manteve por bastantes anos o nome desta pedagoga, o qual passou para o externato infantil. Está em fase adiantada de construção a Casa Museu Irene Lisboa, na freguesia de Arranhó, para ajudar a redescobrir e dar a conhecer a intelectual conterrânea e a sua obra.





BIOGRAFIA


Irene do Céu Vieira Lisboa, nasceu no Concelho de Arruda, concretamente no Casal da Murzinheira na Freguesia de Arranhó, no dia de Natal de 1892. Não conheceu a mãe, uma jovem do campo que se deixou levar de amores por um advogado, camponês abastado, numa quente Primavera, Um dia partiu sem se despedir da filha, ainda criança que dela só guardou uma ténue recordação.
Viveu com o pai e foi educada por uma madrinha já idosa, por ter sido afastada da casa paterna bastante cedo.
Embora marcada pela ausência do afecto materno, teve uma infância pacífica e tranquila. Frequentou bons colégios e o liceu Maria Pia em Lisboa, onde conheceu Ilda Moreira, a amiga da sua vida. Mais tarde veio a completar o curso de professora primária, com distinção, facto que lhe permitiu receber uma bolsa de estudo para se especializar em pedagogia, no estrangeiro, nomeadamente em França, Suíça e Bélgica.
Para uma rapariga daquele tempo, recebeu uma educação esmerada e pouca vulgar.
De regresso a Portugal dedica-se ao ensino e também à escrita de uma forma regular e abundante, colaborando nas mais importantes revistas e jornais da época, como, A Presença, Seara Nova; Escola Portuguesa, Diário de Notícias, Comércio do Porto entre outros, também de renome. Compõe textos baseados na observação perspicaz dos acontecimentos do dia-a-dia de quem a rodeia.
Também escreveu sobre si própria, baseada na vivência de rapariga da cidade, mas com uma experiência e conhecimento do campo, característico de quem nele viveu.
Irene Lisboa assinou obras com o seu próprio nome e utilizou pseudónimos masculinos, como João Falco e Manuel Soares, estes os mais conhecidos. Os contos infantis que escreveu, assinou com nomes como Airina, Maria Moira ou Nicolino Talentau.
No seu estilo peculiar de se expressar, não inventa, fala do que vê, da gente simples com quem convive, dos factos verídicos do dia-a-dia. Narra directamente, duramente por vezes. Cada história sua, cada crónica ou narração é um retrato vivo e real. Na sua obra é visível a grande atenção que presta ao quotidiano.
Como professora criticou o modelo de escola que proibia as crianças de perguntar e só as obrigava a obedecer. Censurou a escola que não oferecia condições para que os jovens aprendessem alegremente, com afectuosidade, reprovou a escola herméticas que não aceita críticas.
Uma das causas que defendeu, foi a divulgação do moderno pensamento pedagógico do ensino em que as crianças deviam aprender livremente, tendo permissão para pôr em prática a sua criatividade.
Como mulher esclarecida, empenhou-se no progresso social do seu país. Num período de ditadura, lutou pelo direito à liberdade de expressão, o direito de um povo se manifestar livremente.
As memórias que desta escritora é possível reunir, revelam uma mulher afectuosa, intensa e apaixonada, embora a fotografia mais conhecida patenteie um rosto sereno, atento e nostálgico. No entanto os que a conheceram, e para além da sua afilhada, Inês Gouveia, filha da sua melhor amiga, já são raras as pessoas vivas que com ela conviveram, falam de uma mulher fascinante, frontal e irónica que foi incompreendida por uns, mas bastante amada por outros.
Foi marginalizada como professora e escritora. Viveu a amargura que a marcou de tenra infância e os últimos anos da sua vida foram passados com desespero, por nunca ter encontrado no seu país o interesse do público pela sua obra nem a merecida aceitação editorial.
Sentiu-se lesada por nunca lhe terem concedido a projecção a que se sabia com direito.
Irene do Céu Vieira Lisboa, veio a falecer em Lisboa a 25 de Novembro de 1958. Consciente de que tinha construído uma obra, sempre viu o sucesso afastado, partiu e deixou aos outros o que a ela sempre foi negado.

Wednesday, November 29, 2006

FOTOBIOGRAFIA


QUINTA DA MURZINHEIRA (Freguesia de Arranhó) - Lugar onde nasceu Irene Lisboa.




Vista parcial da casa onde nasceu Irene Lisboa

Outro ponta da habitação, hoje completamente em ruinas.


Irene Lisboa com o seu afilhado Joãozinho, na Praça de S. Pedro em Roma. Páscoa de 1931




Serra da Estrela, Decorria o ano de 1953.



Odeixa - Confraternizando com um grupo de amigos.



De férias, na Serra da Estrela, em casa do seu amigo Vergílio Ferreira em 1950. Esta imagem ilustra o que se diz dela, mulher sózinha, solitária, melancólica....


A autora disfrutando da companhia da sua grande amiga Ilda Moreira.


1915. Irene Lisboa ainda jovem, com 23 anos.


Vértice.Uma das revista para a qual Irene Lisboa colaborou. Aqui, lendo um exemplar.


































Labels: